Otávio era um rapaz estranho, sem amigos, quieto e até um tanto sombrio. Ele era o Otto Esquisito, abusado, oprimido, esquecido. Otto não queria amigos, não queria ser visto e nem percebido. Otto na verdade não queria existir. Os dias no colégio Madre Sacra eram mais que torturantes para o rapaz, que mal podia esperar a formatura para fugir para longe dali. O Otto Fugitivo, que sonhava em ser mais do que aquilo que haviam dito que ele era, aspirava entrar em uma universidade e se tornar alguém que não fosse o ele daquele momento, o Otto, otário, ostracizado. Suas vontades — e a de todos na pequena cidade de Providência — tornam-se irrelevantes quando algo (ou alguém?), olhos brancos, pele cinzenta, lábios cianóticos, emerge do pântano atrás da escola.
Audentes fortuna iuvat.
“A fortuna favorece os audaciosos”. Este era o lema escrito com letras adornadas, na parede caiada e já recoberta de um pouco de musgo, pouco abaixo do brasão do Colégio Madre Sacra, o melhor da cidade. Era, também, um dos únicos. Durante as manhãs nubladas e um tanto frias...